segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Death Note - Fanfic - capitulo 3



Capítulo 3 - Traição


Por: Kisara/Jacqueline


                                             Porque os crimes que você não comete
                                                             podem ser os piores



Amane estava na sala, junto de Raito e Ryuuku; o Yagami discutia algumas de suas idéias com eles, mas todas se baseavam na suposição de que L estava de volta, e isso intrigava a garota e o outro shinigami, os quais ainda não aceitavam bem essa suspeita.


- Tudo bem, vamos deixar claro que estamos lidando com L. Se vocês continuarem com essa dúvida estúpida, não vamos chegar a lugar algum — concluiu Raito, parcialmente irritado com a descrença dos dois. Mas, de certa forma ele também achava necessário convencer a si mesmo sobre isso.


- Hai! O que vamos fazer? — Perguntou Misa.


- Desafiar L diretamente — respondeu Raito. Misa e Ryuuku arquearam a sobrancelha e apenas esperaram para ouvir o plano.


(Enquanto isso no Mundo dos Shinigamis)


King estava em sua sala, a raiva tomava conta do seu ser e o ódio era visível em cada uma de suas estranhas pupilas. Era inacreditável; como ele, o verdadeiro rei da morte, poderia sofrer duas derrotas em um único dia? Sim, duas; como se não bastasse perder humilhantemente para o Líder, um dos seus ainda fora pego de surpresa na Terra. É certo que Raito não tivera seu rei encurralado por L, ainda assim, ele se encontrava em uma situação em que um roque¹ era estritamente proibido, de modo que um lance falho pudesse derrotá-lo completamente.


Ainda irado, o Shinigami Rei sentou-se à sua mesa e apenas continuou observando o mundo humano.


(Enquanto isso no Mundo Humano)


Misa já estava atrasada, eram exatamente oito horas e trinta minutos quando chegara no estúdio de gravações. Seu empresário já tinha fechado os contratos e seu horário de chegada era bem claro. Não chegar depois das oito — relembrou ela. Certamente ouviria algumas broncas. Mas, Raito havia dito que o horário em que ela deveria chegar era esse, até porque ele não havia terminado de explicar todo o plano quando deram oito horas.


- Opa, mais devagar — ouviu a garota, pouco antes de esbarrar em alguém.

- Ah, Misa-Misa vai ficar com a roupa amarrotada agora! — Exclamou, pouco se importando com quem estava falando.


- Misa?! Já faz algum tempo desde que nos falamos pela última vez — disse a voz e Amane atreveu-se a fitar a pessoa com quem falava.


- Oh, Matsu-kun! — Exclamou a garota, surpresa.


- Misa, eu realmente precisava falar com você. Tem algum tempo agora?


- Na verdade não. Misa já está atrasada. Mas este é o cartão da Misa, liga pra ela e marca de conversar em algum lugar — disse a garota entregando seu cartão com seu número e correndo para o estúdio.


O restante do dia poderia ser definido como uma sessão de espera, nada acontecia, de todos os lados havia apenas espera, alguém sempre esperava que outro alguém agisse primeiro.




(Ainda no Mundo Humano, mas 23 horas depois)



Querido Diário,
Misa tem a impressão de que todos nunca duvidariam da fidelidade dela e que sempre acreditariam que ela jamais trairia Raito, se as pessoas realmente pensam ou pensaram — para quase todos, Raito está morto — isso, Misa tem de esclarecer que

Amane fecha o caderno e joga a caneta que estava usando na cama; estica a mão para apanhar o celular na cômoda ao lado e sorri ao identificar o número de Matsuda.

- Yoo, Matsu-kun! — Exclama a garota ao aceitar a ligação


- Yoo, Misa-Misa! Só liguei pra confirmar, vamos realmente sair hoje?


- Hai! Misa só tem que gravar uns comerciais hoje e depois a Misa pode sair com você.


- Ótimo, então te pego às oito da noite, pode ser?

- Hai! Misa vai ficar te esperando. Smack! — Encerrou a ligação fazendo o som de um beijo.


A garota pegou a bolsa que estava no canto da cama. Depositou seu celular, a caneta e o diário nela. Em seguida colocou-a no ombro e caminhou para fora do quarto. Passou pela sala e encontrou Raito sentado no sofá, este estava atento às notícias da TV. Desde o reaparecimento de Kira e de L, o assunto da imprensa tem sido sempre centrado nos dois.


O Yagami encontrava-se cada vez mais focado nas idéias que existiam apenas em sua mente e (que) por não ter certeza de qual delas usar, não eram compartilhadas com ninguém, até porque uma delas já havia sido explicada, agora só faltava colocá-la em prática.


- Raito, eu estou indo trabalhar, ok? Logo, logo eu volto — avisou Amane, dirigindo-se para fora do apartamento. O shinigami humano revirou os olhos, a loira entendeu sua atitude como um sinal de que ele tinha ouvido e sorriu.


- Ei, ei... Eu ainda estou aqui, sabia? — Debochou Ryuuku, nesse momento a jovem percebeu que havia esbarrado nele.


- Ah, Ryuuku, eu não te vi! — Exclamou a loira.

O shinigami devorou uma das maçãs que estavam em sua mão, afastou-se da garota e se dirigiu para perto de Raito, Misa despediu-se novamente e deixou o apartamento.



(Enquanto isso na Soul Society)



Líder fitava o tabuleiro de xadrez deixado há algum tempo em sua mesa, a sua rivalidade com King sempre fora conhecida, mas agora que também tinham que lidar com seus aprendizes no mundo mortal, as coisas pareciam ter ficado ainda mais intensas.


Quanto tempo ele ainda precisaria deixar que outro fizesse seu trabalho, unicamente para que ele pudesse sustentar esse joguinho que ocorria nos dois mundos? O chefe da Soul Society não fazia questão de responder essa pergunta, ele apenas não estava disposto a perder e por isso observava calmamente o que acontecia no Mundo Humano, principalmente o que acontecia com L e seus planos.




(Enquanto isso no Mundo Humano)


Near e L ainda ainda estavam juntos, de certa forma era mais fácil assim. No momento, L era algo como uma segunda consciência de Near, mas também tinha suas vontades e vícios fixos, o que causava no albino uma estranha vontade de comer doces o tempo todo.

O garoto sentou-se próximo da TV, atento a qualquer evidência de que Kira agia novamente. Seu notebook situava-se à sua frente e um grande L ocupava toda a tela do mesmo. Sua voz, distorcida pelo mesmo programa que o verdadeiro L costumava a usar, discutia algunas idéias e deduções com o QG da polícia japonesa.


- Mas como você tinha tanta certeza de que Kira estava no Japão, sendo que as mortes começaram no Brasil, Near? — Perguntou Matsuda. O início de sua pergunta era até comum, qualquer um poderia ter tal dúvida; mas, como sempre, seus argumentos eram sempre idiotas. Que diferença teria o local onde as mortes tinham começado? Isso não alteraria em nada, e a escolha do Brasil devia-se ao fato de que este tinha sido muito comentado em todos os países devido aos eventos que nele ocorrerão. Assim, era de se esperar que Kira acreditasse que obteria resultados rapidamente.


- Eu não tinha. E, por favor, me chame de L — respondeu Near, por trás de seu notebook.


- Mas L, você desafiou Kira se baseando no que achava?! — Ide Hideki, continuava duvidando de Near e de qualquer um que ousasse dar ordens por trás de uma tela baseando-se em deduções e seguindo os mesmos roteiros de L.


- Não exatamente — começou Near e fez uma pequena pausa para derrubar um dos brinquedinhos ao seu lado, este estava em um ponto X do mapa e com seu toque foi parar imediatamente no Japão —, mas agora ele está. Kira é ousado. Mesmo que não estivesse no Japão, após ter ouvido minha declaração ele se mudaria para lá, com um único intuito: me desafiar ainda mais. É como se eu pudesse ouvir seus gritos: "no Japão? Estou aqui, como pretende me vencer?" — disse ele, e em algum lugar do Japão, mais necessariamente no apartamento de Amane Misa, Raito dizia a mesma coisa e gargalhava por saber que era impossível perder, apesar de não fazer idéia de como ganhar.


- Então você disse aquilo com a intenção de desafiar Kira diretamente? — Perguntou Matsuda, mas observando todos os olhares que testemunhavam sua idiotice, explicou: - Digo..., É como se você já soubesse a personalidade de Kira... — Agora os olhares transmitiam incredulidade, não era possível que algo assim fosse percebido tão facilmente por Matsuda e nem sequer pensado por eles.


- Sim, eu conheço a personalidade de Yagami Raito — ouviu-se o som de tais palavras pelo notebook e imediatamente o assombro ocupou o rosto de todos os presentes no QG. Near não se importava de dizer tão abertamente algo tão inacreditável. Cedo ou tarde eles teriam mesmo que saber e, mesmo que não acreditassem nele, já corriam risco de morte, afinal, Kira não só conhecia seus nomes, como também tinha total consciência de qual era o rosto de cada um.


- Não pode ser!... Raito está morto, eu me lembro de ter atirado nele, naquelas condições era questão de minutos para que ele morresse! — Exclamou Matsuda, o medo estava estampado em sua voz e em seu rosto.


- Eu também não tenho total certeza sobre como ele voltou, mas voltou. Assim como cada um de vocês, eu também estou arriscando minha vida. Meu nome foi revelado pouco antes de que Raito morresse, se de alguma forma ele ainda se lembra, posso morrer em quaisquer quarenta segundos que se passem. Nesse caso, outro continuará caçando-o — disse, cacheando tranqüilamente uma mecha de seus cabelos, e pouco depois L deixou seu corpo, voltando a ser apenas o espírito que o acompanha. Ele, o verdadeiro L, era o outro ao qual ele se referia, não havia motivos para se preocupar. Kira seria vencido de uma forma ou de outra, porém, com a ajuda de Near tudo seria menos complicado.


- Mas isso é impossível. Como eu já disse, Raito está morto! — Exclamou Matsuda tentando convencer mais a si mesmo do que qualquer outro.




- Matsuda, temos que levar em conta o fato de que um caderno que mata pessoas também era inacreditável há algum tempo — interveio Ide Hideki, este sempre teve a suspeita de que Kira voltaria, mas não imaginava que fosse tão rápido.




- Exato, Hideki. Os que desejarem trabalhar comigo para pegar Kira, estejam cientes de que as coisas serão ainda mais difíceis dessa vez. Não pedirei que usem outros nomes, ou algo assim, é inútil. Mas tenham o cuidado de não se exporem tão facilmente e de não dizerem seus nomes para qualquer um. — Disse e voltou sua atenção para os integrantes da SPK, que agora voltavam para discutir sobre a volta de Kira, e ao mesmo tempo colocava um dado sobre o outro, montando um de seus típicos prédios.


- L — começou Anthony Rester, chamando a atenção de Lawliet. Near lançou um olhar interrogativo para o espírito ao seu lado, como se perguntasse com os olhos por que não o viam, já que não se assustaram com sua presença e o mesmo respondeu com algo como "Suponho que me vejam apenas se eu desejar ser visto".


- Agora me chame de Near... — Corrigiu o albino. Anthony arqueou as sobrancelhas, parcialmente intrigado, mas entendendo a indiferença demonstrada pelo garoto não disse nada sobre a mudança repentina na forma de como deveriam chamá-lo.


- Near, não acha que se precipitou um pouco em declarar guerra à Kira tão rapidamente? — Perguntou Anthony Rester, integrante da SPK.


- Não — começou e fitou novamente o bonequinho caído na parte do mapa que correspondia ao Japão, em seguida explicou novamente, tentando ser mais claro dessa vez: - minhas suposições de que Kira estava no Japão eram de apenas cinqüenta por cento; não era possível avançar com as investigações se eu não soubesse em qual parte do mundo poderia contar os outros cinqüenta por cento. Confiar a metade de minhas certezas no fato de que ele estaria no Brasil era ridículo e sem fundamentos. Kira está com raiva, a chance de me desafiar diretamente não seria perdida por ele. Logo, posso afirmar, dar cem por cento de certeza de que ele pretende permanecer ou ir para o Japão, simplesmente para rir e esperar que eu faça algo. O que Kira deseja nesse momento, tanto ou ainda mais do que ser reconhecido pelo mundo é me — suspirou com indiferença e retirou o dado que formava a base de seu prédio, de forma que toda a construção começou a se... — destruir.


- Acredita que ele possa fazer isso? — Perguntou Halle Lidner, também integrante da SPK e ex-agente da CIA.


- Kira tem o nome de cada um de nós, mas consideremos que ele os conseguiu pouco antes de sua morte. Talvez ele não se lembre, nesse caso estamos temporariamente seguros, caso ele se lembre, morreremos — sua voz permanecia firme, mesmo ao tratar de sua suposta morte.


O que você fará agora, Kira? — Pensaram Near e Lawliet ao mesmo e como se em resposta para sua pergunta, mais alguns criminosos foram anunciados pelo QG, vítimas de um estranho, porém conhecido por todos que estiveram envolvidos no Caso Kira, ataque cardíaco.


- L, veja isso — ouviu-se a voz de Aizawa pelo notebook.


Near e L voltaram sua atenção para o objeto a sua frente e observaram três imagens mostradas por Aizawa.


— Foram deixadas por três dos prisioneiros que acabaram de morrer de ataque cardíaco, ainda não foram notificados pela imprensa. Se reparar bem, são iguais às primeiras deixadas por Kira no início da investigação — Aizawa também continuava o mesmo, um pouco precipitado, mas sempre atento aos detalhes.


- Parece que ele já começou a se divertir — disse Near.


— Não necessariamente. Essa é uma mensagem para mim, conforme você suspeitava ele quer mesmo avisar que Kira voltou e que este é mesmo o Raito. Ele está me desafiando diretamente. — Concluiu Lawliet, ao identificar a mesma mensagem que fora vista nas imagens mandadas por Kira no início da investigação do Caso Kira: "Você sabia, L? Shinigamis só comem maçãs!", e em seguida caminhou para perto de alguma janela. Apenas Near pôde vê-lo e ouvi-lo.



- Estamos mesmo lidando com Yagami Raito, pensem se querem continuar no Caso Kira. Mas, devo lembrá-los que se ele quiser que vocês morram, vocês morrerão de qualquer jeito, independente de estarem envolvidos nesse caso ou não.


Não entendi muito bem o que isso queria dizer, mas me parece um jogo e se realmente for, talvez seja divertido. — Relembrou L, já próximo da janela. "É um jogo para você também, não é? Então..., o que você fará para continuá-lo?", perguntou Lawliet.




(Ainda no Mundo Humano - Japão)


Raito gargalhava interiormente enquanto lia algumas reportagens nos jornais, era sempre a mesma coisa: "Kira contra L e blablás", mas ao ver a primeira página de um jornal que fora entregue há pouco, suas risadas deixaram de ser apenas interiores e começaram a ser audíveis por qualquer um que tivesse a capacidade de vê-lo e de escutá-lo (mais necessariamente por Ryuuku).


- O que é tão engraçado, Raito? — Perguntou o shinigami aproximando-se.


- Isso — respondeu o Yagami apontando para a reportagem que lia. — "Kira ou L, quem ganhará dessa vez?" — Leu em voz alta. — Eu realmente quero saber como L pretende me vencer dessa vez. Matar um shinigami... Hunf! Como se eu fosse me apaixonar por um ser humano ou deixar meu tempo de vida acabar... É impossível perder dessa vez!


- Kukuku, eu realmente não imagino como ele poderia vencer essa. Mas, Raito, L já está morto e mesmo assim você afirma que é mesmo contra ele que você está jogando. Não acha que a dificuldade é a mesma para ambos?


- Acha que eu teria perdido o controle ontem se não tivesse essa certeza? — Perguntou o shinigami humano, este não gargalhava mais, mas ainda assim sua expressão não demonstrava raiva. Ao contrário, observando com atenção podia-se perceber o mesmo brilho maligno que se apossava de seus olhos quando ele estava prestes a virar o jogo ao seu favor.


- E o que vai fazer para mudar isso? — Perguntou Ryuuku ao perceber que o Yagami planejava algo.


- Costuma ser mais divertido quando se é pego de surpresa, Ryuuku — respondeu o futurodeus do novo mundo, provocando gargalhadas no shinigami ao seu lado, o qual se lembrava de todas às vezes em que preferiu observar os planos de Raito em desenvolvimento e não apenas na teoria.



(Ainda no Japão)



Começava a anoitecer, Amane aparentava estar exausta, mas já deixava o estúdio de gravações. Conforme o combinado, Matsuda estava esperando-a do lado de fora do prédio, próximo do seu recém-comprado carro.


Ao avistá-lo, Misa acenou e sorriu timidamente, Matsuda respondeu com seu típico sorriso bobo.


- Matsu-kun, o que você queria com a Misa?


- Será que a gente podia falar sobre isso num lugar mais reservado?

"Lugar mais reservado? Acho que o Raito vai se surpreender com a Misa", pensou a garota e assentiu com a cabeça.


Os dois entraram no carro e o rapaz dirigiu até uma espécie de lanchonete. Ao chegarem, ele desceu do automóvel e se dirigiu até a outra porta abrindo-a para a garota descer.


Caminharam juntos até uma mesa mais afastada e se sentaram. O garçom aproximou-se e perguntou se queriam algo. Matsuda não quis nada e Misa recusou o refrigerante sugerido, dizendo algo como: "Misa não bebe isso, isso engorda!", e acabou por aceitar um suco sem açúcar.


O moreno sorriu e a loira fitou-o interrogativamente, como se pedisse que ele fosse direto ao ponto e assim foi feito.


- Misa, desde a morte do chefe Yagami, eu estive zelando pela segurança de sua família... —"Pela segurança de Sayu, é o que você quis dizer, não é?", pensou Amane. — Mas Raito se foi e... — Fez uma pausa ao perceber que algumas lágrimas rolavam pelo rosto da garota — Sayu se encontra em um estado depressivo. Pensei que você poderia falar com ela, já que foram amigas enquanto você estava com o irmão dela. — Matsuda esforçava-se para parecer o mais maduro possível, embora isso fosse muito difícil para ele.


- Misa não está em condições de ajudar nem ela mesma — dizia a garota, algumas lágrimas ainda molhavam sua face. — Misa ficou sem chão depois que Raito se foi e mesmo que ela não deixe transparecer isso, Misa tem sofrido demais.


"E de pensar que fui eu quem atirou no Raito!...", pensou o rapaz.


- Sinto muito, Misa — disse Matsuda, sentindo uma pequena culpa por ter sido o responsável pelo estado em que se encontrava a garota, ao mesmo tempo em que sentia que não deveria ligar pra isso, afinal, ele só estava fazendo seu trabalho, e este incluía capturar Kira.




- Misa também sente muito, Misa não sabe porque continuar vivendo e..., Misa deveria se matar — disse a loira, sendo o mais dramática possível, em seguida pegou uma faca em cima da mesa e apontou para si mesma, dando a entender que a cravaria em seu coração.


- Você está maluca? — Sussurrou Matsuda enquanto retirava a faca das mãos da garota, que não fazia muita questão de segurá-la com força.


- O mundo não tem mais graça para a Misa, morrer é mais interessante! — Exclamou a garota, rindo internamente do que estava fazendo.


- Pois deveria ter. Eu corro o risco de morrer a qualquer momento e acredite, essa não é a melhor sensação do mundo — disse ele, sua expressão demonstrava seriedade.


- Hãn? Morrer? Ah, é porque você é policial, neh? — "Vamos, Misa, só insista mais um pouco",pensava ela, mas sua voz ainda demonstrava tristeza.


Matsuda relaxou e de alguma forma se viu tentado a contar a verdade, não sabia o porquê de fazer isso, mas a vontade de revelar tudo crescia dentro dele. "Talvez seja pelo fato de que isso vai acalmá-la e diminuir minha culpa", pensou ele.


- Kira voltou e ao que tudo indica ele é... alguém que saiba o nome de todos do QG — respondeu em um sussurro e observou Amane arregalar os olhos incrédula, mas, interiormente, ela sorria ainda mais. Ele não tinha revelado o nome do sujeito em questão, então nada parecia ser forçado pra ele.


- Misa viu algumas reportagens — "Na verdade, Raito pediu para Misa ver alguns dos recortes que ele tanto lia". — Mas, como assim sabe o nome de todos do QG?


- Não devia te contar — "pra começar você não devia nem mesmo estar falando com a Misa"—, mas L parece ter certeza disso...


- L? Argh! Misa devia se matar mesmo. Misa não vai suportar perder um novo ídolo por causa da mesma pessoa! — Exclamou a garota.


- Falar comigo não parece estar ajudando muito — disse ele, e em seguida riu sem graça. — Bom, mas então, você vai falar com a Sayu?


- Hai, Misa gosta da Sayu, ela lembra o... Raito — Matsuda imaginou que a garota fosse começar a berrar novamente, mas ela apenas fitou a mesa. A princípio parecia um olhar triste e uma atitude pouco comum da parte da jovem, mas então ela o surpreendeu e pegou novamente a faca. Ao perceber isso, o rapaz tomou novamente a faca das mãos da menina e deixou-a na mesa, juntamente com o dinheiro para pagar a conta.


- Espero que ela te ouça... — Sussurrou Matsuda, assustando a loira, que começava a cogitar a idéia de que algo realmente sério estivesse acontecendo com a irmã do amado.


Amane assentiu e caminhou até o carro do rapaz, este dirigiu calado até o apartamento da jovem, onde a deixou e despediu-se. A loira sentia-se completamente exausta, mas ao mesmo tempo feliz, tudo parecia ter ocorrido de acordo com o planejado.


Ao adentrar no prédio, a garota caminhou rapidamente até o elevador e esperou que esse chegasse logo no seu andar; ao sair dele, correu para o seu apartamento e retirou as chaves da bolsa, às pressas. Abriu a porta e entrou.


- Raaai — começou a garota, mas as mãos de Ryuuku taparam sua boca, impedindo-a de continuar.


- Misa, a porta ainda está aberta — alertou o shinigami —, e Raito não está — soltou-a.


A loira trancou a porta e disse algo como: "Hãn?!"


- É, ele deu uma saída, disse que precisava checar umas coisas, mas prometeu que você compraria mais maçãs se eu te impedisse de agir impulsivamente, como tentou agir agora.


- Aaah! Misa vai dormir, quando o Raito chegar, pede pra acordá-la, tá?


Ryuuku assentiu e lembrou-a sobre isso de continuar falando em terceira pessoa.


- Ah, mas Raito pediu pra falar em primeira pessoa quando eu estivesse falando com ele. Quando Misa não está falando com Raito ou quando ele não está por perto, Misa não dá tanta atenção a esse detalhe — explicou a jovem, provocando gargalhadas no shinigami, e então seguiu para o quarto, exausta.




(Enquanto isso na Soul Society)





Ao ouvir a pergunta feita por Lawliet, Líder cogitou a idéia de que talvez devesse mesmo fazer alguma coisa. Não era como se ele se importasse com o fato de ajudar ou não os seres humanos, seu dever era manter a organização do espaço onde eles viveriam sua segunda vida e não interferir nas coisas da Terra. Mas, não havia regra alguma proibindo que ele desse um auxílio se o assunto em questão fosse de seu interesse, e este, com certeza, o interessava. Sua rivalidade com King não era assim tão simples ao ponto de ser comparada com uma briga de dois grandes deuses, envolvia algo a mais, algo pelo qual eles lutavam há muito tempo.




O chefe da Soul Society chamou um de seus empregados e avisou-lhe que precisaria dar uma passada no Mundo Humano, de modo que não poderiam contar com sua presença no local por uns tempos, mas que a organização do mesmo era essencial. Líder confiava o suficiente em seus empregados e em sua lealdade, então não havia um motivo para deixar de prosseguir com seus planos, os quais começaram a ser elaborados no momento em que resolvera partir para junto de seu aprendiz.




Não havia regra alguma que impedisse sua interferência no Mundo Humano, mas durante uma das disputas pelo que desejavam, fora estabelecida uma regra, com seu consentimento, que garantia que nenhum dos lados levaria vantagem sobre o outro: "Perguntas e idéias que se refiram ao que foi observado no campo inimigo não devem ser respondidas ou levadas em consideração".




Com a certeza sobre a existência e o valor de tal regra, Líder deixou a Soul Society e ao passar pelo portal pensou no local onde estavam Near e Lawliet, pois era justamente para lá que ele deveria ir.


(Enquanto isso no Mundo Humano)



Raito adentrava no apartamento de Amane. Ryuuku parecia-se divertir assistindo algo na televisão, mas não havia sinal algum da garota.




- Onde está a Misa? — Perguntou o Yagami.



Ryuuku não desviou seu olhar do que assistia, mas respondeu que ela estava no quarto. Raito estranhou a indiferença de Ryuuku, não era normal que ele não estivesse curioso para saber o que ele estava fazendo, já que era certo de que isso incluía algo interessante em seu contexto.



- O que está vendo, Ryuuku?



- Achei algo interessante em um desses canais. Kukuku, ótimos vilões, mentem muito bem! Novelas são mesmo interessantes — respondeu, mandando uma maçã para o alto; esta deveria voltar para suas mãos, mas fora apanhada por Raito.



- Você continua confiante demais, não? — Comentou Ryuuku.


O shinigami humano sorriu de lado, debochado, e deu uma mordida na maçã que apanhara. "Tem razão, elas são realmente melhores quando não se é mais um humano", disse e seguiu para o quarto.



Ao entrar no cômodo desejado, observou a garota que dormia ao lado de um caderno negro, semelhante a um Death Note. Apanhou-o e o abriu, era algo como um Diário. Não parecia ter valor para ele, já que Misa sempre lhe contava tudo, mesmo que muitas das coisas que ela dizia não precisassem ser ouvidas, a mesmice de seu trabalho, por exemplo



Ainda assim, vencido pela curiosidade divina, procurou pela última página escrita, esta começava com os dizeres: "Misa tem a impressão de que [...]", Raito revirou os olhos e arqueou a sobrancelha intrigado, mas continuou a ler.



"[...] Misa tem de esclarecer que estão todos certos. É tão bom imaginar que os fãs da Misa conhecem-na tão bem e ainda assim que ela atua bem o suficiente para que acreditem tão fácil nela. Sim, Matsuda caiu direitinho. Raito, com certeza, vai-se surpreender com a Misa, ela foi genial, muito dramática, porém genial."



- Genial, sim? — Revirou os olhos, ao que parecia ela era mesmo útil, e chamou a garota, utilizando-se de um tom parcialmente alto.



- Hãn? Que horas são?... Raito! — Exclamou a garota ao vê-lo e levantando-se rapidamente agarrou-se ao pescoço do shinigami humano.



- E então, o que Matsuda queria?



Misa afastou-se um pouco, sentou-se na cama e respondeu: - Era sobre a Sayu, ao que parece ela não está nada bem e ele quer que a Mi... Etto... que eu converse com ela.



- Ótimo, é justamente o que você fará — respondeu Raito, um brilho maligno apossava-se de seus olhos, deixando-os em uma tonalidade meio vermelha e isso começava a parecer comum.



- Hai! Eu gosto de Sayu — disse eufórica e em seguida continuou, lembrando-se do que realmente interessava Raito: - Ah, Matsu-kun disse que todos do QG estão cientes de que podem morrer a qualquer momento. Ao que parece, L tinha essa certeza.



O Yagami gargalhou, trazendo à tona sua risada maligna, da qual ele mesmo já sentia falta e disse: - Eu sabia, L realmente voltou. — O motivo de sua risada escandalosa era devido ao fato de que, agora, seus planos voltavam a fazer sentido.



- E de onde vem essa certeza, Raito?



- Por mais que tudo parecesse realmente óbvio, eu precisava confirmar minhas suspeitas. Então pedi para que Ryuuku matasse alguns presidiários mais cedo e que fizesse com que esses deixassem a mesma mensagem que deixei ao L há um tempo. Para os demais da equipe de investigação e para o próprio Near, pareceria apenas que eu estava zombando, rindo da cara deles, algo assim. Mas, se L realmente estivesse entre eles, ele entenderia logo que isso foi justamente para declarar guerra diretamente a ele, para mostrá-lo que eu já sei que ele voltou e deixar ainda mais claro que eu também voltei.



- Nossa, mas como sabe que ele pensaria justamente isso?



- Simples... — Começou ele, pausadamente — porque isso é justamente o que eu pensaria se eu estivesse em seu lugar...



Mesmo que isso não fosse algo do qual Raito se orgulhasse, ele sempre soube: tanto ele, quanto L, sempre foram iguais, porém, defendiam ideais diferentes.




- Então o motivo de que você quisesse tanto que eu falasse com o Matsu-kun era só para confirmar contra quem você estava disputando?



- Também. Na verdade, a idéia era que você extraísse dele toda e qualquer informação útil que ele pudesse te dar, sem que ele suspeitasse que estava sendo forçado...



- E essa foi a única? — Interrompeu Misa, indignada com o fato de que fizera tanto drama e tanta encenação para quase nada, tudo bem que segundo o plano que ouvira mais cedo esse era mesmo o objetivo, mas ainda assim ela esperava surpreendê-lo um pouco mais.



- Na verdade, ter a certeza de que ele se importe tanto com a Sayu também é útil. Assim, sabemos exatamente como Matsuda morrerá e podemos evitar a suspeita imediata de que tudo fora causado por um Death Note. É provável que L e seus investigadores suspeitem do caderno, mas as demais pessoas acreditarão em algo mais improvável.



- O que está querendo dizer, Raito? — Perguntou Misa, por mais que tentasse, não conseguia acompanhar o raciocínio do amado.



- Enquanto eu era apenas um humano, eu realmente pensei em algo que pudesse fazer do mundo um lugar melhor para os fracos e oprimidos, ainda penso nisso, mas não me importo mais com a idéia de que acreditem que Kira é o bem, não fizeram isso antes, não precisam fazer agora. Sempre haverá quem se oponha, então deixarei que acreditem no que quiserem, vingarei-me dos que merecem meu ódio, conforme prometi no momento em que acordei do meu sono de morte — disse, mas Amane apenas mantinha um brilho de admiração em seu olhar, o mesmo que sempre existira desde que soube que ele era Kira. — Misa, por hora, apenas entenda que faremos com que a morte de Matsuda não pareça somente uma parada cardíaca, vamos fazer com que as pessoas comecem a tirar suas próprias conclusões e veremos onde isso levará. Resumindo: saber que ele se importa com Sayu, fará com que saibamos, exatamente, como será sua morte.



Ao ouvir isso, Misa sorriu. A forma como a morte de Matsuda fora explicada no Death Note não deixava certeza sobre o que, exatamente, aconteceria, mas com isso era fácil deduzir algumas coisas. Finalmente ela começava a entender os planos de Raito, e essa certeza estava estampada em seu rosto.



- A propósito, você é mais útil do que imagina... — Comentou, esboçando um sorriso canalha e sedutor, a garota sentiu-se nas nuvens, esta já não tinha tanta certeza sobre o fato de estar mesmo acordada.



Mesmo que não tivessem notado sua presença, Ryuuku estava encostado na porta, apenas observando a cena e abafando sua sonora gargalhada, enquanto fitava melhor a garota.



O que Raito disse parece interessante na teoria, quero ver na prática. Aliás, talvez você não esteja entendendo tanto quanto acredita estar, Misa — sussurrou o shinigami, baixo o suficiente para que a jovem não o escutasse, já que estava meio fora do órbita no momento, mas o Yagami ouviu e revirou os olhos.



"E acha mesmo que você está entendendo, Ryuuku?", pensou o shinigami humano.


(Enquanto isso no Mundo dos Shinigamis)





King mantinha-se atento ao portal que lhe dava a visão para o Mundo Humano. Ao ouvir as últimas frases pronunciadas pelo seu aprendiz e observar com cuidado o tempo de vida restante da garota, seus lábios grossos e assustadores curvaram-se em algo que deveria ser um sorriso ou ao menos confundido com um. Finalmente uma idéia parecia surgir em sua mente.


Sentando-se em sua mesa, o Shinigami Rei imaginou vários lances de uma partida de xadrez, que no momento ele jogava mentalmente. Por alguns segundos, King ainda se permitiu refletir sobre os prós e contras de tal estratégia.


Você realmente fará tudo que eu quiser, não fará, Misa? — Relembrou da cena que assistira pelo portal pouco depois de retonar ao Mundo dos Shinigamis.



Percebendo que no final valeria a pena seguir com tal idéia, concentrou-se ainda mais em prever os próximos lances do adversário, no mínimo isso surpreenderia Líder e traria mais rapidez na conclusão dos planos de Raito, mas isso, apenas se ele estivesse mesmo planejando tal coisa.




Decidido a arriscar, King chamou por Hayato e pediu-o para ficar atento ao que acontecia com a garota que se via pelo portal: Amane Misa.



- Preciso ir para o Mundo Humano agora. Não a perca de vista — avisou e seguiu para o portal que o levaria ao encontro de quem ele desejava. "Talvez você não esteja entendendo as coisas tão bem assim, Ryuuku.", pensou ele.


A regra oficial estava bem definida em sua mente, e era exatamente por isso que ele não tinha revelado ao Raito, diretamente, que L estava de volta; então, se seguisse a regra, não havia problema algum em fazer uma visita a qualquer um dos dois, ou quem quer que fosse, embora ele já soubesse exatamente quem visitar e não, sua visita não seria para o Raito. Segundo os pensamentos de King, o Yagami o procuraria por conta própria.


(Enquanto isso no Mundo Humano - América)



Near e L não pareciam estar muito interessados em discutir idéias sem sentido ou o que quer que fosse com qualquer um dos investigadores que os ajudariam no caso Kira. Lawliet já tinha dito ao Near sobre como voltara e porque voltara, tinha dito também que tinha certeza de que o ser que havia trazido-o de volta, poderia aparecer a qualquer momento. Ambos concordavam que assim seria mais fácil por parte de seus raciocínios em prática, mesmo que no momento não conseguissem pensar em nada útil.




- Olá, Lawliet — ouviu L, mas Near não viu e nem ouviu nada.




- Quem é você? — Perguntou Lawliet, o ser que estava a sua frente não parecia com nada ou ninguém que ele já conhecesse.



Continua...



Notas Finais


¹: movimento onde o rei troca de lugar com uma das torres, possibilitando um melhor ataque da torre devido a sua melhor posição e o rei fica mais protegido. É lógico que tudo depende da estratégia, mas geralmente é uma boa jogada.



Esse capítulo é algo como uma introdução pro próximo, nele muita coisa será revelada e outras não.



Próximo Capítulo: Mortes

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